quinta-feira, setembro 20, 2007

O tamanho do bolso do brasileiro.

Você acha que este bost só pode ser sobre os problemas econômicos nacionais? Não me subestime e observe.

É impressionante como a gente vê coisas estúpidas todos os dias e nem se dá conta. Para terem uma idéia, comecei esta semana a ler "Os Irmãos Karamazovi", de Dostoiévski. Pouco importa a história em si, quero falar sobre o livro, o objeto. Para quem não conhece, "Os Irmãos Karamazovi" é um romance gigante, que conta uma longa história, quase uma saga familiar. O que se sucede é que só no Brasil se consegue comprar uma versão da "coleção livros de bolso"...

Livro de bolso? Não tenho como colocar uma foto para vocês verem a proporção, mas imaginem um tijolo. Daqueles maciços. Coloque mais dois quilos e você terá uma idéia do exemplar. Que bolso comporta tal peça de design? Um bolso de macacão, talvez? Seria este livro destinado aos operários da industria? E para que fazer uma versão de bolso d'Os Irmãos Karamazovi? Para ler rapidinho no ônibus? E eu, vou parar de fazer perguntas retóricas?

O que mais chama a atenção foram as soluções encontradas para reduzi-lo. Primeiro, as letras. Ah, são sempre as letras, coitadas.

Esse é mais ou menos o mesmo tamanho de fonte usado por eles. Está difícil acompanhar? Então imagine isso em setecentas páginas. O livro devia vir com uma bengala e um cão-guia, porque eu estou ficando cego. Quando leio uma linha e vou passar à outra, levo meia hora tentando encontrá-la no meio daquele monte de pontinhos pretos.

De olho na sua saúde, não vou continuar (campanha Perdigotos de respeito ao leitor).

Outra solução genial é o papel utilizado. Se eu ficar sem papel higiênico em casa pode ter certeza que os irmãos Karamazovi vão vivenciar mais uma tragédia. Talvez só não tenha coragem de cometer essa barbaridade porque a tinta é muito ordinária - eu ia acabar ficando uma semana com a descrição do mestre Zósima tatuada nas nádegas. Acho até que para esse fim uma página sobre Smerdiakóv seria mais apropriada. A propósito da qualidade de impressão, o que posso dizer é que no final do livro tem escrito: "Impresso em Mogúncia". Depois vou procurar uma edição melhor em sebos, porque de repente até andaram cortando algum parágrafo "desnecessário".

Não posso negar que existe uma boa intenção por parte disso tudo. Realmente o preço do livro é baixo (para os padrões nacionais), mas não chega a ser barato. Há poucos anos atrás eu comprei vários obras da literatura mundial por dez pilas cada, algumas tão extensas quanto essa, mas que tinham letras e folhas maiores (e mais páginas). Esse meu exemplar, a quem interessar possa, custou vinte e nove reais. Dava pra fazer por menos. Podem me falar do papel que ficou mais caro; podem me falar da dificuldade das distribuidoras; podem me falar que as editoras estão em crise; se podem me falar tanta coisa, eu também não vou ficar calado.

Agora vou terminar de ler o livro, senão vou ficar de bom humor e esse blog vai virar uma merda.

Como prometido anteriormente, a título de experiência vou encerrar o bost com um chavão. Lá vai:
"No mais, galera, é isso aí."

P.S.: Alguém mais observador deve ter notado que eu acho normal desconhecer "Os Irmãos Karamazovi", um clássico da literatura, mas sou intolerante com quem não sabe o que é "Lost". Então alguém mais observador podia se meter com sua própria vida.

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